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Entendendo a Sexualidade Infantil: O Papel do Ambiente e das Experiências no Desenvolvimento

Caro pai ou mãe, nos dias de hoje, as questões relacionadas à identidade de gênero e à sexualidade infantil têm gerado muitas dúvidas e discussões. É natural que você, como responsável pelo bem-estar do seu filho, queira entender melhor como lidar com essas questões de forma saudável e segura. Neste texto, vou abordar o que a ciência nos diz sobre o desenvolvimento da sexualidade e da identidade de gênero em crianças, focando nas evidências atuais (2025) e no que é importante para o bem-estar emocional e psicológico dos pequenos.




O Que Sabemos Sobre a Sexualidade Infantil?


A sexualidade é algo que se desenvolve ao longo da vida, começando muito antes da adolescência, com o impacto de uma série de fatores, incluindo as experiências, o ambiente em que a criança cresce e as interações com as pessoas ao seu redor. Na infância, as crianças exploram e compreendem o mundo através das suas experiências sensoriais e sociais. Essas vivências podem incluir brincadeiras com amigos, a forma como são tratadas pelos pais e outros cuidadores, e os estímulos culturais que recebem.


Segundo uma revisão publicada em Frontiers in Psychology (2020), a sexualidade infantil é formada por interações complexas entre fatores biológicos, sociais e ambientais, com grande ênfase nas primeiras experiências sociais e afetivas (Rosenberg et al., 2020). Portanto, as preferências de uma criança, como gostar de brincar com carrinhos ou super-heróis, não devem ser imediatamente interpretadas como um indicativo de identidade de gênero ou disforia.


É importante destacar que, até o momento, a ciência não encontrou evidências conclusivas que apontem para uma "disforia de gênero" ou popularmente conhecida como "identidade de genero" que seja congênita ou seja, presente desde do nascimento, ou seja, não existe nehuma forma cientificamente comprovada de uma alteração no cérebro ou genética que cause uma incompatibilidade entre o sexo biológico da criança e a sua identidade de gênero. Estudos genéticos, como os de Knafo et al. (2018), ainda estão explorando possíveis influências genéticas na identidade de gênero, mas os resultados não indicam uma causa direta e definitiva. Até que mais dados sejam coletados, a evidência científica continua apontando para fatores sociais e comportamentais como determinantes mais significativos.


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O Impacto de Estímulos Prematuros


É importante que pais e cuidadores tratem as crianças com naturalidade, sem forçar ou influenciar a definição de uma identidade de gênero que não tenha relação com o desenvolvimento biológico da criança. A sexualização precoce pode gerar confusão emocional. Estudos de neurociência, como os de Blakemore et al. (2010), indicam que a maturação do cérebro infantil, particularmente o córtex pré-frontal, só se completa por volta dos 25 anos. Durante a infância, o cérebro não está suficientemente desenvolvido para compreender as complexidades da identidade de gênero de forma abstrata, como um adulto faria. Isso significa que forçar a criança a se posicionar de uma forma sexualizada ou identificar-se com um gênero que não corresponde ao seu sexo biológico pode resultar em sofrimento emocional. Pense assim, se nem mesmo a criança esta pronta neurologicamente para desenvolver sua sexualidade, porque os pais deveriam forçar este desenvolvimento?


Além disso, uma pesquisa realizada por Hines (2011), especializada no desenvolvimento sexual infantil, mostrou que as preferências de gênero nas crianças são moldadas principalmente pelas interações sociais, e não por uma predisposição biológica, no sentido de uma “disforia ou identidade de gênero” interna. Em outras palavras, o desejo de uma criança de se associar a brincadeiras tradicionalmente associadas ao sexo oposto (como meninas brincando com carrinhos ou meninos com bonecas) não é indicativo de uma disforia de gênero, mas sim uma manifestação normal de suas experiências sociais e do desenvolvimento de suas preferências pessoais.


A criança, neste estágio do desenvolvimento, ainda não possui a maturidade cerebral e emocional necessária para compreender completamente o que significa ser do sexo feminino ou masculino em termos de identidade de gênero. O cérebro infantil, especialmente a região responsável pela tomada de decisões, ainda está em formação e não é capaz de realizar escolhas fundamentadas com base em uma visão adulta sobre sexualidade ou identidade. Além disso, a criança ainda não possui o entendimento completo sobre a sexualidade, uma vez que seu conceito de sexo é primariamente limitado ao entendimento de seu corpo, como "pipi" (pênis) ou "perereca" (vulva), e não aos complexos conceitos que envolvem a identidade de gênero (Blakemore, 2012).


As Consequências de Uma Definição Prematura


Impor ou estimular a definição de gênero em uma fase tão precoce da vida pode causar confusão, ansiedade e até depressão. A criança pode se sentir pressionada a tomar decisões que não consegue entender completamente ou que não correspondem ao seu desenvolvimento emocional e psicológico. Isso pode gerar um sofrimento emocional que, no futuro, pode resultar em transtornos mentais, como ansiedade, depressão e dificuldades de relacionamento com os outros.


Estudos realizados por Steinberg et al. (2016) destacam a importância de oferecer um ambiente saudável e não sexualizado para o desenvolvimento infantil, principalmente nos primeiros anos de vida, quando o cérebro ainda está formando conexões complexas. Está ai a importância e responsabilidade dos pais em filtrar conteúdos de internet, Tv, e musicas que se assiste, ou ouve próximo de nossos pequenos.


A pressão precoce para uma definição de gênero pode interferir no desenvolvimento saudável do córtex pré-frontal, região associada ao controle executivo, ao pensamento crítico e à tomada de decisões, que só se amadurece com a idade.


Além disso, é importante considerar o impacto que tais estímulos podem ter no desenvolvimento neurológico da criança. O cérebro infantil é altamente "plástico", ou seja, pode se adaptar e mudar com as experiências, mas também pode ser impactado negativamente por estímulos precoces que não são apropriados para a maturidade emocional da criança. A neuroplasticidade pode levar à formação de novas conexões, mas também pode resultar em padrões de comportamento desadaptativos, caso a criança seja forçada a adotar um comportamento que não corresponde à sua compreensão ou maturidade emocional.


O Que Podemos Fazer Como Pais?


A melhor abordagem para lidar com a sexualidade infantil, nesse momento, é oferecer um ambiente seguro, acolhedor e respeitoso, sem pressões para que a criança se defina de forma sexualizada ou de gênero. É importante que as crianças possam explorar sua identidade de forma livre e espontânea, sem interferências externas que possam levá-las a confundir ou pressionar seu desenvolvimento natural.


  1. Proporcione Experiências Saudáveis: Deixe a criança brincar livremente, sem impor estereótipos de gênero, como a ideia de que meninos só devem brincar de carrinho e meninas de boneca. Ofereça uma gama ampla de experiências para que ela possa se expressar como desejar. Segundo estudos de Alexander et al. (2019), quando as crianças têm liberdade para explorar sem restrições de gênero, elas desenvolvem habilidades emocionais e sociais mais equilibradas e são mais aptas a lidar com questões de identidade de gênero de forma saudável à medida que crescem.


  2. Evite Sexualização Precoce: Não force a criança a adotar uma identidade de gênero diferente de seu sexo biológico antes que ela tenha maturidade para compreender a importância disso e saber lidar com isso. O cérebro da criança ainda está em desenvolvimento, e essa definição precoce pode causar mais confusão do que clareza. De acordo com os achados de Olson et al. (2016), forçar uma criança a se identificar de um modo que não condiz com sua experiência pode resultar em desconforto emocional e confusão sobre a própria identidade.


  3. Apoio Emocional: Esteja atento ao que a criança está expressando e ofereça apoio emocional. Se ela demonstra confusão ou preocupação sobre sua identidade, procure orientação profissional para ajudar a entender melhor a situação e oferecer o suporte adequado.


Em resumo, a ciência atual não comprova que a disforia/identidade de gênero seja algo congênito ou geneticamente determinado na infância, limitando o desenvolvimento da criança a seu sexo biológico visto que este é inato e congênito. Até o momento, todas pesquisas aponta para influências ambientais e comportamentais no desenvolvimento da sexualidade infantil. Sendo assim, é crucial evitar a sexualização precoce ou a imposição de uma identidade de gênero diferente do sexo biologico para a criança antes que ela tenha a maturidade emocional e neurológica necessária para compreender essas questões.


Ao proporcionar um ambiente livre de pressões e com apoio emocional adequado, você está permitindo que a criança cresça de forma saudável, respeitando seu próprio ritmo e suas experiências. Esse cuidado é essencial para garantir que ela se desenvolva de maneira equilibrada, sem sofrer confusão ou consequências emocionais negativas no futuro.


Referências:

- Blakemore, S. J. (2012). Development of the social brain in adolescence. Journal of the Royal Society Interface, 9(1), 1-10.

- Hines, M. (2011). Gender development and the human brain. Annual Review of Neuroscience, 34, 69-88.

- Knafo, A., & Plomin, R. (2018). The genetics of gender and sex differences. Annual Review of Psychology, 69, 399-421.

- Olson, K. R., et al. (2016). Gender identity in children and adolescents: Developmental perspectives and clinical considerations. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, 55(10), 820-829.

- Rosenberg, R., et al. (2020). Early sexual development and the role of early socialization. Frontiers in Psychology, 11, 555383.

- Steinberg, L., et al. (2016). Adolescent development and the biology of puberty. Journal of Research on Adolescence, 26(1), 92-111.

 
 
 

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